Herança de sangue

Do planalto alto o rato

Faz desmandos tantos, ladro

Come bebe rege, lacaio

Afunda falna, flora, patriota.

Falacias infundadas na mídia, sofista

(*Palavras do baixo escalão*) repressão

Se contra ele se firma, socialista

Se amigos dele são, pobre não.

O pão e circo nos serve, plebe

Se faz da ocasião, ladrão

Nasce cresce morre, pobre

Servilismo, submissão,exploração, patrão.

O caminho

Pela manhã até choveu

Essa estrada de barro

Suja minha bota e calça 

Mas não gosto do asfalto

 

Estou caminhando

Mas não tenho onde ir 

As aves voam livres,

Eu estou por aí...

Já não tenho um cigarro

A estrada é longa

Estou sem carro

já faz uma semana

 

Estou andando

Sem munição, amigos e afins

E Roem os ratos

Eu estou por aqui...

 

Mas o fim da estrada 

É posta, né Prestes?

Prestes ao precipício

Quem não desfalece?

Estou caminhando

Toda ponte leva para algum lugar 

Estou cruzando

Só não sei onde vou parar.

 

Somos dois

Comer sem sentir gosto

Viver tendo desgosto

Gostar de alguém tendo apego 

É abraçar o desassossego 

Se tudo é muito complicado

Se já perdi sem ter lutado

Se não tenho quem regar o ombro

Como vou amar sem desassombro?

Quem ama alguém, abraça o medo

E desama a si mesmo

Traz para si agruras

Se desfaz das cousas seguras

Mas eu posso crescer sem fantasia,

Ou sozinho ser mais que dois seria?

Certamente quem amou

Será mais a quem não arriscou...

Cantiga de entrega

Não sou flor que se cheire 

Sou um bobo fracassado

Mas se fazes para mim poesia

Sinto - me logo amado

Se és marxismo, sou oprimido

Se és realeza, sou vassalo

Se és cristianismo, sou remido

Se és sinhazinha, sou escravo

 

Aceito o acordo a marca de sangue

faço e penso como queres 

Ainda que mal me fizeres 

Se és morte, serei verme...

Acorda, amor

 A corda, amor, acorda!

Já está no meu pescoço

Pela janela vejo esgotado

Tentando me engolir

Mas que fim!

Acorda amor

Não tenho há muito tempo um sonho

Mas tenho às vezes quando como

O que será de mim?

Aí, Que fim!

A corda amor

Chamaras tanto de cabresto

Existe, mas de outro jeito

Está no Instagram

Com muitos fãs!

Acorda, amor, acorda!

Amanhã estou indo embora

Já preparei o adeus a corda

Pois vou desacordar!

E discordar!

Oração

Grandioso Deus que rege as nações

Nos ajude em nossas contradições 

Somos inimigas, irmãs, nações 

Faremos orações.

 

Criaste tão belas criaturas

Quase suas caricaturas 

Adâmicas, terrenas, impuras

Mas somos suas.

Graças, pois Cristo rasgou o véu

De cima a baixo, cessou o fel

Da separação entre Terra e céus

Da lei não somos rés.

 

Das mãos sujas de um ser humano,

Tratado e visto como um rato,

Ao mais limpo senador brasileiro

(Sempre com o bolso cheio)

 

Está a tua graça, Senhor meu

Que nunca se afasta destas

Belas criaturas, caricaturas.

 

 

 

Confissões

Confesso, eu não sei o que é belo

Nunca morei em um castelo

Nem compus o clero.

Não faço parte da nobreza 

Nem provei cerveja

Tenho olhos escuros e pele negra

Não fiz uma canção de amor

E nem gosto de sentir dor

Gosto de pimenta, pelo ardor

 

Não gosto de ir ao cinema,

Costumo ter muita pena

Acho a fome muito obscena

 

Interessante é a dialética 

Marxista não tem ética

A morte é tétrica

Tenho medo de morrer só

Às vezes me tenho dó

Um dia virarei pó.

 

Democracia vem do grego

Diversos muros, construções

O  restante de outro mundo

Que nos trouxe esse futuro desolado

 

Diversas paredes rompidas 

Derrubaram ideologias 

As colunas deste mundo revolucionário

 

Tantas boas intenções 

Com obuses e canhões na artilharia 

Na implantação da democracia

ficou tanto sangue derramado

 

Aponte logo esse fuzil

Atire em alguém que você nunca viu

Nossa vista de horizontes demarcados